Os cerca de cinco mil moradores dos bairros Jardim Morada do Sol e Residencial Belo Galindo tiveram a oportunidade inédita de usufruírem dos serviços na área de saúde animal e outras atividades, ofertadas gratuitamente durante a manhã de sábado (22). No campo de futebol foi realizada a ação Dia V, pelo curso de Medicina Veterinária da Unoeste e como parte do projeto Castração é a Solução, que acorre desde 2016 visando o controle da população de cães e gatos soltos nas ruas dos dois bairros no extremo urbano da zona norte de Presidente Prudente. A estimativa é de que pelo menos 250 pessoas compareceram, o que representa 5% da população. Como praticamente todos passaram pelos diferentes serviços e atividades, são estimados 1,5 mil atendimentos.
Ambos os bairros são originários de doações de lotes pela Prefeitura, sendo o Morada do Sol implantado em 18 de setembro de 1992, tendo completado 36 anos na última terça-feira (18). O Belo Galindo foi implantado há 30 anos: em 20 de fevereiro de 1998. Dados estruturais da Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan) revelam que no Morada, em área de 196 mil m² e 23 quadras, são 484 construções e 13 terrenos baldios, com a população estimada em 2.420 pessoas. No Belo Galindo, com 234 mil m² e 44 quadras, existem 524 construções e 158 terrenos baldios, com a população de 2.620 moradores. Pessoas trabalhadoras, que fazem suas casas por etapas e a maioria delas não tem ainda o reboco externo. Os 5.040 moradores representam uma população maior que as de 19 dos 56 municípios da região de Prudente.
Sandra Regina da Silva, que há 13 anos se mudou do Brasil Novo para o Belo Galindo, diz serem muitas as dificuldades dos moradores, mas que já melhorou muito com as obras feitas pelo poder público e ajuda de pessoas em ações voluntárias, como tem ocorrido com a parceria da Unoeste e a Casa da Sopa para reduzir os animais de rua que são muitos, pois parte da população da cidade tem o hábito de abandonar cães e gatos nos dois bairros, à margem da estrada vicinal Raimundo Maiolini. Nos últimos dois anos foram castrados 200, de acordo com a estudante de medicina veterinária Alaine Baccarin, uma das organizadoras do Dia V.
Para Sandra, de 46 anos, mãe de sete filhos, o projeto tem ajudado a controlar a população canina e felina, mas os moradores precisam se conscientizar ainda mais. Alaine diz o mesmo e comenta que, por isso, além da castração o trabalho do curso de Medicina Veterinária compreende orientação sobre a posse responsável, o bem estar animal e a educação ambiental. “Geralmente temos trabalhado com as crianças na Casa da Sopa, mas hoje iniciamos uma relação com os adultos. Nossa intenção é quebrar barreiras culturais e promover a conscientização que é um trabalho ainda mais enriquecedor. Queremos, inclusive, aproximar as crianças, adolescentes e jovens da universidade, como um sonho possível para qualquer um”, avalia Alaine.
Ao contar que foi difícil atingir o seu sonho de cursar a graduação, a estudante entende ser um exemplo para inspirar outros sonhos. Por ser um curso de período integral, teve que parar de trabalhar para estudar. Largou o emprego como servidora pública municipal concursada em Martinópolis, lutou e conseguiu obter bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni). “Foi aí que fiz um pacto com Deus: o de ter minhas ações, como estudante e como profissional, voltadas para o setor social. Minha preferência é pela fauna silvestre e quem sabe um dia consiga trabalhar em zoológico, mas ainda assim dedicarei parte do meu tempo aos animais de rua, em projetos como esse da Unoeste e da Casa da Sopa”, comenta.
Envolvimento – O Dia V envolveu dez cursos, com as seguintes ofertas: Medicina Veterinária – orientação de saúde animal, vacinação, vermifugação, higiene e informações sobre doenças de interesse em saúde pública (leishmaniose, raiva); Agronomia - doação de mudas de árvores; Ciências Biológicas - orientação de como plantar e cuidar das mudas de plantas; Educação Física - brincadeiras esportivas; Pedagogia (presencial e a distância) e Letras – pintura facial, desenhos para colorir e produção de cartinhas solicitando casinhas de cachorros para o Caldeirão do Huck; Zootecnia – levantamento diagnóstico da área visando futuras ações e distribuição de mudas e sementes de alface; Ciências da Computação e Sistemas de Informação - orientação de como elaborar currículo.
Teve ainda a exposição itinerante de parte do Acervo Educacional de Ciências Naturais (Aecin), com espécies embalsamadas e taxidermizadas, tais como tatupeba, macaco prego, cigarra e mariposa. Conforme o professor Rondinelli Salomão, a mostra teve o caráter sociocultural e educacional, para as pessoas entenderem a importância da preservação do meio ambiente. Além de Alaine, atuaram na organização do Dia V Maria Nuara Caldas Longo, Bianca Gomes da Silva e Wilham Cristhian Hoffman, que mobilizaram as participações de estudantes de dez cursos e professores, incluindo a diretora do curso de Medicina Veterinária Gláucia Prada Kanashiro e a coordenadora Rosa Maria Barilli Nogueira.
Também estiveram no evento a Arenales Homeopatia Animal e Fosferpet/Bob Dog, empresas colaboradoras do projeto que se mantém com o apoio da Unoeste e atuação dos estudantes que buscam os recursos junto a patrocinadores, vendas de camisetas e de números de rifas, entre outras ações, pois a castração tem o custo variável entre R$ 4 mil e R$ 6 mil por semestre, de acordo com o Alaine. A realização do Dia V esteve inserida na Campanha de Reponsabilidade Social, realizada durante a semana passada e proposta pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), da qual a universidade é associada através de sua mantenedora: a Associação Prudentina de Educação e Cultura (Apec).
Fonte: Unoeste